Este é um daqueles casamentos que incita você a topar o inusitado. Comentei com a Janete que foi o melhor casamento de 2014. Sim, vai fazer três anos que ela casou, porém, toda vez que olho as fotografias desse casório, não há como não sentir-se maravilhada com tanta ousadia, inovação e bom gosto. Quando ela casou, o blogue já existia, no entanto, estava inativo. Prometi comigo que quando o site retornasse, esse casamento seria um dos primeiros textos a ser publicado.
Eu e a Janete temos uma amizade profunda e sincera. Quando a conheci ela estava solteira. Fazíamos parte de um grupo de metal branco – yeah! Por muitas noites, entre amigos, tivemos longas conversas teológicas, sobre aspirações pessoais e claro, o Rock sempre esteve presente. Foi um tempo muito bom. Que lembrança boa! Ela era solteira quando a conheci. Solteira do tipo "indesejadamente" – ansiosa para casar! (Risos!).
Em nossas conversas, sempre discutíamos acerca de casamentos e vestidos de noiva coloridos. Lembro-me que ela desejava o vestido de noiva vermelho. E no fim, apaixonou-se pelo roxo! (Risos!)
Os planos divinos já estavam traçados para sua vida amorosa: poucos meses depois que nos conhecemos, o Amilton, seu esposo, cruzou o caminho do seu coração. Pouco mais de um ano, lá estava ela: radiante, bela e ousada em um vestido branco com roxo. Lembro-me como se fosse ontem... “Ual”, eu disse, quando vi as fotos do casamento.
Já que o propósito da “A Cara dos Noivos” é incitar ao novo e ao excêntrico - também como havia prometido - eis aqui, talvez não se sabe, a primeira noiva brasileira - e a primeira do blogue - a usar a tonalidade roxa em uma cerimônia de casamento. A Janete entrou, definitivamente, para o mundo das noivas coloridas, que disse “não” à indústria regressista do casamento.
Permita-se, leitor (a), despertar para o encanto desta cor, pelo desconhecido. O roxo - ou púrpura - é a cor do mistério, da espiritualidade e serenidade. Simboliza transformação. Reflete maturidade, prosperidade, devoção e dignidade. É uma cor forte para mulheres de temperamento marcante.
Vamos às fotos! Inspire-se.
“Queria sair do tradicional, pois sou uma pessoa que não gosta de ser igual às pessoas. E não fui eu que escolhi o vestido, ele me escolheu. Na verdade, não ia ser branco com roxo, mas vermelho. A vida nos reserva coisas que muitas vezes não esperamos.”
“Meu vestido não estava à venda. Quando cheguei à loja para escolhê-lo, após dizer o que queria, o estilista disse: "Vou mostrar a você um vestido que estou fazendo, e ele não está à venda. É um vestido que vai ser capa e reportagem especial para uma revista de noivas. Só vou mostrá-lo para você ver a cor dele, já que não é uma noiva tradicional. Não vamos copiá-lo para nenhuma noiva, pois é uma edição especial.” Na hora em que ele me mostrou o modelo, ele estava “cru”. Ele mostrou-me o desenho no papel, outras partes que estavam no tule e o lado roxo, sem o bordado. Quando olhei o desenho falei no mesmo instante: “É este! Eu quero!” – “Não está à venda!”. Porém, ele viu minha cara de choro e disse: “Este vestido é caro e é apenas para a revista.” – Mas é a minha cara! – Eu vou terminá-lo para você e não será vendido ou alugado para ninguém. Será apenas seu e da revista!”
“O bordado inteiro atrás do vestido foi feito no meu corpo dois dias antes do casamento. Fiz a última prova e permaneci das 7h da manhã até às 18h em pé. Meu estilista e mais quatro costureiras bordaram à mão toda a parte roxa. Ele disse que para ficar bom, o bordado tinha que está no meu corpo. Valeu a pena o sacrifício! Na frente tinha Swarovski para dar brilho."
"A princípio, queria uma decoração em preto e branco, mas quando fomos ao Buffet e vimos todas as cores, achamos que seria melhor colocar algumas cores mais claras, tipo branco, para combinar com as flores em geral e não ficar tão carregado. O buquê foi artificial, pois o natural no momento de jogá-lo, iria se desmanchar, com a loucura das solteiras para pegá-lo! (Risos!) Mandei que fosse conforme as cores do vestido e que houvesse combinação. Então, a artesã fez o buquê com flores lilás, roxo e vermelho. No miolo, pontos de luz para dar o brilho. Para a dama de honra foi feito o mesmo buquê. Já o bolo, a vigilância sanitária não permite que os buffets o exponham à mesa devido à contaminação. Então, usamos um bolo artificial; o verdadeiro ficou na cozinha. Como sou chocólatra (Risos!), a massa do bolo foi de chocolate e o recheio, de floresta negra, servido com sorvete de creme, pois o mês de novembro é de calor."
Eu e meu noivo – agora marido – gostamos de Rock. Somos roqueiros de carteirinha! Então, queríamos um casamento ao estilo rock and roll, porém não usamos o preto em tudo, muito menos caveiras! O repertório musical foi variado, desde bandas mais "leves”, tais como: U2, Aerosmith, Bom Jovi, até às bandas mais “pesadas”, como Ozzy, Iron Maiden etc.
Os convites...
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| Dama de honra |
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| Pajem |
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| Padrinhos |
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| Convidados |
De amiga para amiga...
Como sentiu-se ao entrar com um vestido não-tradicional?
Senti-me muito feliz, principalmente com os comentários! A frente do vestido era o clássico branco; quando entrei pela passarela ouvi muitos comentários. Foram ótimos! Não imaginei que as pessoas iriam gostar. Alguns como: “Ual”, “Nossa, que diferente, que lindo!”, “Como é corajosa!”, “É crente e casando com vestido bicolor” etc. Senti-me única neste vestido!
Você entrou sozinha. Isso demonstra muita ousadia e uma personalidade marcante, além de ser nada convencional. Como foi essa experiência?
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Queria um casamento todo diferente. Meu pai ainda é vivo e sei que para os pais, de modo geral, verem uma filha se casando é algo emocionante. Mas o dia era meu! A estrela maior era eu! Por isso quis entrar sozinha. Meus pais estavam lá me prestigiando e sentindo muita emoção. Na hora que começou a tocar minha música, meu coração disparou! As pernas tremiam a cada passo que dava naquele salão – parecia que eu ia cair a qualquer instante, pois minhas pernas estavam bambas! (Risos!) Foi uma sensação única poder entrar sozinha e ver a emoção dos meus pais e sogros lá à frente. Foi muito bom!
Comente um pouco sobre o parecer dos seus convidados sobre um vestido de noiva não-convencional.
Amei os comentários dos convidados! Todos elogiaram-me, até o pastor que fez o nosso casamento! Foi maravilhoso entrar e ouvir as pessoas: “Oh! Que vestido lindo!” Olha que diferente!”, “Nossa, como a Janete foi ousada!”. No meio da festa todos me perguntaram onde o confeccionei, mexiam nos bordados... Foi uma sensação maravilhosa!
Você teve incentivo de sua família sobre os detalhes do seu casamentos?
A família não participou em nada dos detalhes do casamento, pois achei melhor apenas eu e meu noivo escolhermos tudo. O casamento era nosso, então teria que ser ao nosso gosto, já que nem tudo que gostamos é o que a família gosta! O único detalhe que minha mãe deu sugestão e escolheu foi o meu véu. (Risos!)
E as lembrancinhas, qual foi sua inspiração e por que as escolheu?
Normalmente, a maioria dos convidados joga fora a lembrancinha de casamento, então fiquei naquele dilema: “O que vamos dar para as pessoas lembrarem-se de nós?” Decidimos, então, dar doces! Demos aquelas latinhas de chocolate MeM e latinhas com balas do tipo “coração”; era algo simples e gostoso e que todo mundo pegou e comeu! As lembrancinhas agradaram a todos! Para minha mãe e sogra, montei um kit banho, alocado em uma caixinha vermelha e com um laço muito bonito!
Para terminar esse papo bom...
Se pudesse casar de novo, usaria o mesmo vestido e a mesma cor?
Se eu for renovar os votos de casamento, usarei um vestido inteiramente roxo, ou vermelho ou preto! Na verdade, já havia conversado com meu marido sobre a renovação dos votos. Ainda não temos uma data. Quem sabe mais para frente...
De toda essa entrevista, eu achei cômico - e ao mesmo tempo perturbador! – quando ela disse um comentário de um convidado: “É crente e casando de vestido bicolor!” (Risos!) Gente, falando sério... Observe como o brasileiro, ainda, cultiva um conservadorismo extremo em alguns aspectos, mesmo a dissimular-se um povo livre, culturalmente diversificado e aceitável. Lamentavelmente, aqui, a discriminação toma proporções espantosas. Somos um povo "livre" e "liberal" – para não dizer “americanizado” - e ao mesmo tempo primitivo de entendimento.
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| Casamento e cristianismo estão profundamente ligados. O modo como você irá casar pouco importa para o Deus da Bíblia. |
Outro detalhe que ia me esquecendo: ela escolheu o esmalte da mesma tonalidade do vestido! Achei fantástico!
Fecho esse texto com o sapatinho dela... O momento que o fotógrafo captou tensão e felicidade!
Eu me inspirei com esse casamento. E você? Que tal começar a pensar em uma cor – ou mais – que combinaria perfeitamente com você no dia do seu casamento? O mundo das noivas coloridas espera você!
